segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

transparência

Sendo muito mais transparente que queria ser, de repente preciso confessar que a embalagem não está mais vazia. Mas de repente também aquilo continua perdido.
Não sei se é remédio, nem sei se precisa remédio. E lembro que tudo pode ser veneno.

Essa lama me intoxica com seu cheiro. Ainda tão longe, posso ver bem de perto. Os circuitos vão se fechando e parece que aquele buraco no meu estômago foi tampado. Acontece que engoli um bloco de cimento e meu problema é que ainda não sei se vou digerir ou regurgitar.

De tudo no mundo, nada dói mais que a dúvida. "será?"
"mas e se...?"
"como é que...?"

E a resposta vem furiosa: EU NÃO SEI!

E descubro, então, que sou de vidro. Uma pequena lasca no meio de uma poça imunda. Aconteça o que acontecer, ainda sou fina, frágil e transparente.

Queria ser um plástico preto às vezes.