segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ogûapyk

Sugiro que, quando puderem, visitem uma aldeia. Muito se pode falar sobre elas já não serem como antes, tendo se submetido à nossa cultura, mas acho que isso diz mais respeito ao olhar inicial e enviesado nosso, que à realidade em que eles vivem.

Eles têm que aprender nossa língua, certamente. Alguns possuem televisão, é fato. E pode-se até mesmo ouvir calipso rolando no meio da mata, pasme. Mas os traços mais fortes da cultura, a organização familiar e os valores primordiais, a noção da comunidade.. estão todos ali.

Talvez seja a língua materna, que ainda é outra. Talvez seja a teimosia em não se curvar de todo àquilo que impusemos, não sei. Mas é só estar ali para saber que você é outro. Que a diferença grita a cada palavra trocada.

"Ogûapyk"
"É, senta aê"

sábado, 11 de dezembro de 2010

caminho

Viu a casinha, ali no meio do caminho.
Percebeu que ela também o vira.
Simples, bela, quase bucólica.
Estava lá, parada, naquilo que parecia ser um quadro.

O menino ficou encantado.
Era tudo tão familiar, tão claro.
Pensou em ir até lá e, meio que sem nem ver, foi.
E no caminho percebeu que havia algo maior.

Lá na frente havia um morro.
Era tão belo, tão exótico, tão diferente.
Encantou-o, como encanta quase todos os viajantes.
E o menino já não piscava muito.

Ficou pensando se era de verdade,
ficou admirando aquela grandeza toda.
Se sentiu tão pequeno, inebriado.
Tão tentado a se apropriar daquela beleza.

O céu tão azul contrastando, as cores tão vivas,
magnitude tal que ficava difícil ver tudo ao mesmo tempo!
E foi andando para lá.

E andava e andava, olhando sempre aquele horizonte belo,
imaginando como seria quando lá chegasse.
Crendo que aquele era o paraíso,
e sabendo que era o que ele queria.

Mas o caminho era longo.
O menino persistia, mas o cansaço vencia a cada passo.
Até que uma hora não pôde mais,
e se abrigou numa sombra, ainda entretido com a visão.

Começou a olhar ao redor,
percebeu de repente que conhecia aquele lugar.
Aquele mato, aquelas flores...

Sim! De tanto andar, chegou naquele teto,
Esquecera, como pôde?
Da casinha tão batida,
Daquele colo tão terno.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Undestructable

Porque a música (pra ser sincera o CD inteiro, vai) não sai da minha cabeça, mesmo que não consiga cantar metade dela.



http://youtu.be/eZFHEc_tzog

terça-feira, 30 de novembro de 2010

cru

Milhares de coisas pululam no chão.
Um buraco bem fundo se abre bem lá no meio.
Parece uma cascata de areia...
E tudo se desfaz.

O alimento já não lhe cai bem,
A vontade não é daquilo que lhe obrigam.
Pra que perder tempo nas páginas rabiscadas,
Quando as pernas mal conseguem se controlar?

Correr, correr e gritar!
A balada rolando na sala é tão...
Desencontrada!
Aqui dentro querendo berrar, e lá fora sustentando o romance.

Mas infelizmente o intervalo é curto.
A voz tem que calar.
As mãos tentam conter o chão.
Guardar os peões.

Mais duas semanas pra se conter, e depois que se foda.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A fuga

Um dia, conversando com um amigo, surgiu uma dúvida. Um pouco estranha e incomum de se pensar, mas vale o exercício de imaginar.

Pense assim: cada pessoa tem, durante sua vida, suas mil e uma facetas, todas as personalidades e oportunidades que foi, que pensou ser ou que sequer admite imaginar (mas que estiveram lá!). Muitas construções no caminho que são abandonadas pouco a pouco na estrada, deixadas de lado conforme o caminho segue e as condições mudam.
Os interesses mudam.

Pois então, todo mundo já foi mãe, nem que tivesse sido só naquela hora em que viu a foto do bebê mais lindo do mundo (ou que deu uma dura no irmão porque ele não comeu as cenouras, também vale). Todo mundo já foi um craque no futebol, nem que fosse naquele único gol que você marcou na vida, quando a bola bateu no seu traseiro e o goleiro não viu (lembra? Foi um golaço! O primário todo vibrou!). Uns já foram o gordinho suado, outros a modelo internacional. Existe quem já tenha sido ambos.

Entre tomada de posições, mudanças de atitudes e devaneios momentâneos, não importa o sexo, a (des)orientação sexual, nem a idade. Não importa sua imagem para o mundo. Você já foi de tudo, nem que por meio segundo cada coisa.


Com isso em mente, me responda o seguinte:
Se por acaso cada uma dessas vozes pudesse momentaneamente se livrar de você e ser ouvida, qual delas jamais quereria voltar? Qual delas te abandonaria pra sempre e sem medo de ser feliz?

Pensei em algumas coisas, por exemplo o garotinho do primário cheio de expectativas com o futuro. Ele aparece vez por outra, quando você se encanta novamente com uma idéia. Pensei que talvez ele jamais quisesse voltar pra você, afinal, convenhamos, você vive tirando os sonhos do pobre. Faz questão de mostrar pro garoto que ele é infantil de mais e inocente de mais.

Pensei também que poderia ser a modelo gostosa. Bem, se ela pudesse sair do seu corpitcho por um momento, se pá ela correria o mais rápido possível (e sem olhar pra trás!) para as portas das emissoras de TV, ou para o colo de um cara rico. (Quanto preconceito! tsc, tsc)

Não, não.. acho que não, quem sabe o viajante? Aquele cara de dreads no cabelo, mochila nas costas e espírito de aventureiro pulsando no coração. Pô, esse aí ia ficar muito agradecido de sair da sua vida medíocre, vai?
Poderia viajar, ver o mundo, conhecer novas pessoas e culturas... tudo o que você sempre prometeu pra ele e nunca cumpriu.
Mas não sei, o cara é bonzinho. Ele acaba se adaptando, né?... É.. não sei.


Pensei, pensei. Mas não cheguei à uma conclusão.
Quem fugiria de você? Quem iria preferir ficar sozinho a seguir trocando de lugar com todas aquelas outras máscaras?


Se tivesse que escolher só uma... Quem?


[Quero deixar claro que, embora eu tenha escrito tudo, a idéia principal não é minha, é do meu amigo]

sábado, 16 de outubro de 2010

Mão

Escreve, escreve, escreve.
apaga.

escreve, escreve, escr...
para.
apaga.

amassa a folha, mas não tem coragem de jogar fora.
vai que um dia ela sirva.

Nem que seja pra lembrar.

mas tudo bem.
dessa vez a mão tá preparada.

tem bastante papel no bloco.
tem bastante saco pra guardar o lixo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

impressionante...

... como pouco tempo leva a poucas palavras.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

dois vãos

Dois vãos se fazem na superfície há muito não vista.
Superfície plana, superfície lisa, superfície estagnada.
Com toda a calma aparente, com toda a alma do ambiente,
Dois vãos se fazem na superfície extremista.

Ebriedade contumaz que pinga incessantemente pelo vão da cá,
Frenesi delirante que escorre pelo vão de lá.
Herdado desprezo que retorce a superfície daqui,
Inexpressiva sinuosidade que transfigura qualquer coisa acolá.

Pode em vulgar engano transparecer indistinção,
Embair que se trata de mais uma chicanista.
Fazendo troça de quem para ela olhar,
Se deixando mostrar apenas aquela imagem porrista.

Mas fique certo de que turva é somente em aparência,
Falta a luz certa, o sol no alto e alguém que entenda a terra.
O nome do jogo é quietude, é atenção.
Aquele relevo não busca nada, mas ainda assim, espera.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Mais um do e-mail...

Esqueci a senha do meu Blog...
Vê se pode uma coisa dessas. Eu sou cada vez mais dependente do meu computador. Atenção: não estou dependente de um computador, com se fosse qualquer um, estou dependente do MEU computador. Um só e bem específico, com vida útil já pelas últimas, mas ainda com tudo que me interessa lá gravadinho. Que lástima.
 
Percebi isso quando de repente estou em outro lugar, outro pc e nada meu aqui. Nenhuma foto, nenhum dos meus mil arquivos, nada dos meus programas, nem filmes e seriados... Niente!
 
Primeiro pensamento: "Merda, esse pc não tem nada que eu quero, como vou mexer na internet se nem minha senha tá gravada aqui??"
Segundo pensamento: "Ai que absurdo. Ser completamente dependente de uma droga dessas"
 
Fiquei, como diria um ilustre (cada vez mais des)conhecido, contemplativa. Imaginando como seria se a tecnologia de fato fosse inutilizada por um momento. Toda ela.
Ano passado, quando quase o país inteiro apagou de repente, já deu pra ver a confusão dos infernos que foi. Quero ver quando der uma pane no sistema todo. n"O Sistema".
Vai ser um pandemônio... Caos vai ter que criar uns filhos novos, porque Gaia vai sucumbir e levar Urano junto... Talvez sobre Tártaro... talvez sobre SÓ Tártaro.
o.O
 
E tudo isso por conta de uma mísera senha de um blog idiota... Bem, isso, um pouco de imaginação e tempo livre.
hehehe
=p

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Monochrome

***

















Dominique Ané & Yann Tiersen


***

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Mboi'y

Por tudo o que era para ser seu e não foi
Por todas as coisas que nunca foram suas simplesmente porque nunca poderiam ter sido de ninguém.
É o bicho, é a água, é o mar.
Aan, xé sy.
Xe pó. Ndé pó. Ore pó.

Não tem como possuir. Como ter?
‘Ybityra já não entenderia. Tampouco eu.

Todos estão no mesmo limbo, cercado do ruído vuvuzeleante de um acontecimento qualquer. Cegos o suficiente pra chamar de seu o que não se pode pertencer.

Esse é o erro do mundo, achar que se pode ser dono de tudo. Ou melhor, achar que se pode ser dono.

Mas pelo contrário, ‘Ybityra quer mais é ser. Verbo tão natural que se estranha à fala.
O que fica é a pergunta: como ser se peró só quer mesmo é saber de ter.

Nada faz sentido entre os karaíbas, e por isso abá se esconde.
Gosta de ybyra, de kapir.
Katupyry!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

To nadando, nadando, nadando.. nadando... nadando..... naadando..... na... dannnndo...

naa... dann... do...


na...


dan...


do...



Sei lá, mas se pá dessa vez eu não to vendo a praia...



segunda-feira, 14 de junho de 2010

e mais uma vez

eu estou parada, olhando a chaminé e me perguntando: "será?".

Espero não acreditar em qualquer cara de vermelho por aí, mas juro que por mais que doa às vezes dá vontade de colar uma barbinha num socialista qualquer e esquecer tudo de novo...

Transitivo do impacto da paixão à primeira vista

Há dias que o transito instintivo
em um não-piscar fica assim: definitivo.

Num momento o alternar entre o escuro,
e claro demais... noutro o inferno o céu, inseguro.

Esparramado escorre mais um corpo no degrau,
dor e lamúria de um desastre nacional.

Um, dois, três passantes
logo logo sirenes incessantes.

Mas sei que passaram mais, e esse não vi,
último em memória e primeiro suspiro na UTI

Não há um dia sem ser atormentado
por haver sido atropelado.

Porque vi você, que não sorriu.
E o vidro do meu coração então se partiu.



Fonte: Hoje meu eu acordou meio lírico

quinta-feira, 10 de junho de 2010

as rodas rodam

Minha pele, pelos e cabelos...
Meus panos, meus couros, minhas contas...
Minhas listras, meus brilhos, meus pretos...

meu, meu, meu,
eu, eu, eu.

E assim roda a roda do milhão.
E assim tudo vai rodando e rolando
morro abaixo.

Pior que quando chegamos no fundo,
cavocamos ainda mais.

Porque não basta estar no lodo,
tem descer pelo rastro redondo rumo ao ralo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

alergia

Tem coisa que tenho que deixar escrita em algum lugar. Pra isso serve este espaço, né?
Eu sei que não vai fazer sentido pra ninguém mais, mas que se dane.

Outro dia eu estava andando com um cara. Andando mesmo, não é continho, escrita torta, nem nada disso. Eu estava com esse cara de verdade, mais especificamente num ponto de ônibus, quase em frente ao supermercado perto de casa.

Bem, conversa vai e conversa vem, de repente o sujeito me diz o seguinte: "Queria te perguntar uma coisa, você é alérgica a felicidade?"

eu: "Ahn?!"
ele: "É, alérgica a felicidade, você é?"
eu: "Bem... eu a-acho que não... não sei.. o que você quer dizer com isso?"
ele: "Se você não é alérgica a felicidade, então toma aqui um presente"

Ele me deu um chocolate. Daqueles meio amargos, com castanhas. Eu (e acho que mais umas três ou quatro pessoas por perto) fiquei ali parada, estranhando aquela maneira dele de me presentear e sem saber o que dizer.

ele: "Sabe, para mim esse é o melhor chocolate que existe. Ele me lembra um pouco a vida, na verdade... é amargo, mas é doce... mais doce que amargo... e você come, come, come, mas ainda assim não enjoa no final"

E terminou dando um sorriso engraçado. Sabia que estava falando uma coisa estranha de se ouvir num ponto de ônibus à noite. Sabia que eu poderia ir embora achando que ele era maluco e nunca mais aparecer. Mas, sinceramente, nem se importou. Já sequer olhava pra mim, aliás.
Eu ri. Achei graça naquele jeito de falar. Agradeci o presente e disse que, de fato, aquilo fazia algum sentido.

O ônibus chegou, então demos um abraço e ele foi embora. Eu voltei andando pra casa.
Ainda rindo da situação, deixei o chocolate pra mais tarde e pensei até em retribuir o presente.
Infelizmente não nos vimos direito depois. Muitos afazeres. Mas vez por outra eu lembro da cara dele de nem aí enquanto falava. Acho que talvez ele não queira nenhuma retribuição. Só queria mesmo compartilhar alguma coisa.

Uma amiga disse que as pessoas sentem uma estranha liberdade do meu lado. Que me dizem coisas malucas e se sentem livres para serem um pouco loucos. Disse que isso não acontece tanto com os outros, só com alguns, e que se pá isso não é ruim, mas normal é que não é.

Eu gosto disso. Gosto de ouvir estas frases do nada. O dia fica melhor, mais engraçado. E como posso reclamar quando acabo, além de rindo, ganhando um chocolate?
xD

segunda-feira, 31 de maio de 2010

La Noyée



Tu t´en vas à la dérive
Sur la rivière du souvenir
Et moi, courant sur la rive,
Je te crie de revenir
Mais, lentement, tu t´éloignes
Et dans ta course éperdue,
Peu à peu, je te regagne
Un peu de terrain perdu.

De temps en temps, tu t´enfonces
Dans le liquide mouvant
Ou bien, frôlant quelques ronces,
Tu hésites et tu m´attends
En te cachant la figure
Dans ta robe retroussée,
De peur que ne te défigurent
Et la honte et les regrets.

Tu n´es plus qu´une pauvre épave,
Chienne crevée au fil de l´eau
Mais je reste ton esclave
Et plonge dans le ruisseau
Quand le souvenir s´arrête
Et l´océan de l´oubli,
Brisant nos coeurs et nos têtes,
A jamais, nous réunit.

domingo, 30 de maio de 2010

Coxinhas

O menino jogava futebol com os amigos. Mas não gostava de jogar futebol. Estudava, mas não queria estudar. fazia de tudo, mas não queria nada daquilo. Ele queria na verdade vender coxinha. Ele adorava o cheiro da coxinha, adorava o barulho do óleo fritando a massa gorda recheada de frango, de camarão, de queijo. Ele não se importava do que fosse, gostava daquele ambiente e, é claro, de receber o dinheiro por aquilo.

Mas ele não podia ficar lá. Como iria explicar para os pais que queria virar vendedor de coxinha? Ficariam arrasados. E mais: com certeza o deteriam. Como explicar pros amigos que não queria estar lá onde eles estavam. Ririam dele.
Como fritar sozinho uma coxinha? Iria se queimar, com certeza
Resolveu então se virar com o que já estava em sua vida e deixar esse plano pra depois.
O menino acabou aprendendo a tocar violão. Depois veio a guitarra. De repente veio um violino e logo um cello.
Vieram também os shows. E o menino gostava daquilo.
Vieram as multidões, os fãs, as drogas baratas... sempre mudando de um instrumento pro outro, sempre buscando um que seja melhor. Sempre se dando muito bem. Sempre som grana alta e sempre por cima.
Era um sucesso, afinal.
Nunca foi deixado pra trás, nunca lhe escapou uma só coisa que quisesse, nunca foi obrigado a nada. O que mais ele podia querer?

Bem, disso ninguém sabe, mas até hoje quando o menino pára em um bar ou em uma lanchonete, sempre pede sua querida coxinha. Para ele a de frango, tradicional. E de repente ele se pega pensando... o que diabos esta fazendo deste lado do balcão.
E se lembra, com um grande pesar, que tudo foi apenas uma grande desculpa. Ele sabe que não tentou unica e somente por medo. Um medo horripilante de ser quem era.

Quem sabe um dia o menino, pensa ele mesmo, tome coragem, largue a vida que não é sua e vá finalmente se deliciar com o estalar do óleo fervente.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Com uma única palavra...

... até a noite insone fica alegre.
Imagine com várias de uma só vez!

Compartilhar esses momentinhos só já é tão enorme, que quase apaga os novos latejos na fronte. Pelo menos os deixa meio foscos, meio sem importância.
O espelho está de bem comigo hoje. E a pessoa lá de dentro tá dizendo que tudo vai bem.

Porra!
De repente um estalo me fez lembrar da puta sorte que eu tenho.

Maldito otimismo... o copo tá sempre meio cheio.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

dia ruim

Com as entranhas em fogo e a cabeça rodando em latejante desvario o dia vai.
Mas o pior de sucumbir é de repente perceber que o mundo andou e você tem que ir correndo atrás dele.

Merda.

domingo, 9 de maio de 2010

não se sabe o que

Uma menina boba, sem perspectivas.. sem muita vontade de nada.
Menina mimada, a chatinha da família. Com seu dinheiro no bolso e seus caracóis de sol esqueceu que o mundo vai além, e muito além.
Amou, sofreu, esteve entregue... e dessa entrega algo mais germinou. Mais que a velha vontade de fugir e a velha certeza de que não é.

A menina teve que crescer... mãe, tenho medo... pai, vergonha.
Vida, luta. Choro, desespero... pensamentos turvos. Sinestesia.

Valores invertidos são difíceis pra qualquer um. Dor, sangue, mais dor. Choro.
Dessa vez era alegria. Era medo. Era destino. Era sina.
Veio o branco. As flores e mais tantos choros.

Veio o vazio. Depois de tanta força e de todo o século, a menina sucumbe. Reergue-se algumas vezes, mas olha ainda praquele ponto esquecido em alguma parte do passado.. antes de toda a dúvida e todo o caos.
Mas tudo mudou tanto... será que algo existia antes disso? será que era só uma idéia? será que havia alguém? Ou era só efeito efêmero de algum entorpecente dos jardins?

E hoje? As dúvidas são tantas, a menina pensa. E pensa tanto que esquece de viver. De agir. Por vezes nem come.
Fica parada olhando pro nada. Olhando pra alguma coisa que nem sabe o que.

E essa menina sou eu. Essa menina é você. Essa menina pode ser qualquer um. Bastam as condições que se deram. Basta um gênio um pouco assim como o nosso. Basta observar.
Mas a menina agradece. Outra menina sempre foi sua força. Seu dia-a-dia. Seu grande amor. Aprendeu a esquecer, mas sabe que está lá.
E chora de novo, enquanto sorri.

sábado, 8 de maio de 2010

Yann Tiersen...

... esse cara é foda.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

agora

As pessoas tem me dado tanta preguiça nos últimos tempos.
Agumas ainda mais que as outras.
Sou mesmo filha de minha época. De saco cheio de tudo e sem perspectiva de nada, vou me enganando com umas coisas pequenas.

Merda.

domingo, 2 de maio de 2010

milhares de bolhas

Hoje achei algo que escrevi faz já algum tempo.
Do dicionário:
tem.po1
sm (lat tempu) 1 Medida de duração dos seres sujeitos à mudança da sua substância ou a mudanças acidentais e sucessivas da sua natureza, apreciáveis pelos sentidos orgânicos
.

De fato eu mudei um bocadinho... Mas lendo, acho que talvez eu tenha mudado até que pouco, o que realmente se alterou foi a situação.
Ainda concordo com aquelas palavras e me identifico com elas. Ainda me vejo pronunciando tudo aquilo bem baixinho enquanto fico sentada numa praça, escondida no meio das árvores à noite. Naquele mesmo lugar, pensando nas mesmas coisas.
E ainda não entendendo nada.

Quando se encontra alguém com quem compartilhar seja lá o que for, o contato real nunca é possível. Invariavelmente o outro se fecha. Invariavelmente nós mesmos nos fechamos. E vamos ficando cada um em sua bolha. Mesmo que as bolhas se justaponham, não deixarão jamais de ser uma bolha. E quem fura o seu casulo e se mete pra fora só se desaponta, mas deveria ser fácil entender que num mundo cheio de bolhas, quem fica pra fora também está sozinho. Neste caso é pior, está vulnerável.
Vazio.
“Não é que o mundo que é uma bosta, é que fizeram a gente acreditar numa coisa que não existe”. Acho que foram estas as palavras. Longe de um consolo, uma verdade. Existe essa tal de verdade? Tanto faz.
A minha verdade é que procuro sempre um contato. Uma coisa que não existe.
Tristeza
Mas o que importa é que acabou minha hora, pago e vou embora. Tenho que correr, para variar estou atrasada e devo fazer alguma coisa, que já nem sei se é por qualquer pessoa, ou se é apenas pela formalidade.


Um recorte daquilo que escrevi.
E que ainda está aqui. Lateja e corta essa massa que mais parece uma noz na minha cabeça. A visão se turva e o mundo fica todo estranho, sem formas e sem cores. De repente nada mais fez sentido. Era eu e você em mim. Mas eu, prostituta que sou, tentei deixar de lado qualquer coisa que fosse meu e me vendi mais uma vez, procurando satisfazer no outro algo que sequer me incluía, mas que ele, sem ter a quem recorrer, me pagou pra fazer.

Eu só esqueci que me basta fechar os olhos pra ver a praça de novo.
E que quando está escuro ainda é com você que eu converso.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ensaio

Só mesmo um ensaio de como enviar postagens direto do e-mail. Mas já que estou aqui, aproveito para reclamar... saco de obrigações e falta de concentração!
>.<

No clima de enfastio

Cansaço... Sempre mais cansaço.
Preguiça de ir, de vir, de ficar. Medo do que vem, saudade do que foi, certeza de que as coisas não vão voltar. Estômago ruim, peristaltismo alterado, fome e ânsia.

Tanta coisa, mas tanta coisa, que no fundo não fica coisa nenhuma. E vem mais cansaço.. de pensar, de agir.
Só queria existir. Comida, bebida, sono, sexo... e só existir.

Mas vou me cavando buracos e me jogando mais e mais. Um dia, quem sabe, eu chego do outro lado. Um dia, quem sabe, eu saiba o que está acontecendo.

Um dia, quem sabe, eu já não me importe com isso.
Um dia, quem sabe, o eu não exista.

sábado, 27 de março de 2010

Justiça?

Muito se vai falar.. e eu mesma o estou fazendo, não é mesmo?... Mas não consigo parar de pensar no tanto de pessoas que estava em frente ao julgamento do caso da garota defenestrada.

Não me interessava tanto o final do processo, pois assim que soube e vi algumas imagens da multidão fiquei bastante impressionada. Eram pessoas que nada sabiam a respeito da menina. Eram pessoas que em nada se relacionavam com o caso. Eram pessoas que acreditavam estar fazendo o bem, mas que bem é esse?
Era uma gritaria, era uma baderna, era tanta folia.. que esqueceram a pobre menina.

Fiquei tão incomodada que tive que concordar com um cara na internet que chamou todos nós de povo pão e circo. Parece que chegou num ponto que não importa mais se derem mais, se tem como conseguir mais... ninguém quer mais.

Não estou dizendo que esteja errado se sentir afetado pelo caso, nem mesmo que esteja errado se deslocar de pernambuco a são paulo para acompanhar o caso... Mas no restante do tempo, onde estão todas essas pessoas? Se houvesse tanto ânimo nos dias comuns.. quem sabe muita gente estivesse numa vida muito melhor.

E se pensamos que essa é a justiça que se pode fazer, então está bem... Mas então que a justiça seja feita em todos os casos, e não só nos que tomam o horário nobre desse aparelho tão mal utilizado que é a televisão.

com mais, mas sem saber colocar pensamentês em português.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Esquecimento

Devo confessar que havia esquecido completamente da existência deste blog. Esqueci até mesmo estas palavras que havia escrito.
Não que as ache estranhas, longe disso. Reconheço minha fala a cada vírgula. Mas já escrevi tantos textos que ficaram perdidos por aí, que este acabou sendo só mais um. Uma perda virtual desta vez. (estranho pensar no jogo entre real e virtual e perceber que a perda não pode ser real, mesmo que o sentimento que impulsionou as palavras o fosse... nunca me dei bem com estas discussões, mas acho muito engraçado esse mundo virtual.. mas outra hora escrevo a este respeito de verdade)

Bem, pretendo me reconciliar com este meio de comunicação, mesmo que ele não sirva a uma comunicação de fato, uma vez que escrevo um nada endereçado a absolutamente ninguém.
Mas me utilizarei desta facilidade tecnológica, vou lembrar mais vezes de escrever minhas palavras chatas e lamurientas (essa palavra existe? o.O) aqui no mundo virtual, e não mais nos papéis que, além de ecologicamente incorretos, se perdem com mais facilidade das minhas mãos.
Vai que alguém leia um dia... Vai que os nomes suprimidos algum dia vejam as palavras que gritam os seus nomes, não é mesmo?... vai saber...

Só sei que hoje é um dia estranho. Quase emo, eu diria. Fiquei de guarda num prédio vazio, ouvindo músicas e vendo porcarias na internet que cansaram algumas vezes... e de repente lembrei de pessoas. Lembrei de fatos que me fizeram procurar por pessoas.

É engraçado tudo o que se consegue descobrir nesta tal de internet. É tão fácil descobrir detalhes da vida de pessoas que nunca me foram apresentadas. Pessoas que nem mesmo cheguei a ver na minha vida. E entendo como se pode enlouquecer no mundo das idéias, como já acompanhei acontecer, sabendo tanto do mundo real, mas interagindo tão pouco com ele.
Esse mundo é bem estranho.

Mais estranho ainda é ver que eu sou exatamente igual... igual ao já foi (e a eterna dúvida: será?) e talvez ainda mais igual ao que está vindo. Envolvi-me da mesma forma, derreti-me da mesma forma, deixei-me levar exatamente da mesma forma.
Acho que vemos os mesmos seriados americanos de mais e os mesmos filmes de mais, estamos comendo de mais, estamos morrendo de mais e reclamando de mais.
Estamos nos entristecendo de mais e entrando em euforias quaisquer só pra fugir e esquecer.

Esquecer o que?
Ninguém sabe exatamente... mas tem algo a ver com o vazio... com a pressa, com a mesmice do dia-a-dia. Tem um quê de não se sentir confortável na própria pele. Tem também algo de querer lembrar... lembrar de algum sentido, alguma direção. Mas ao mesmo tempo "sabendo" o quanto é idiotice seguir qualquer ideal.

O que eu sei é que estou cansando de toda essa fuga do nada para o além metafísico da minha imaginação, e que está na hora de resolver problemas.
Um livrinho me deu uma certa inspiração e tá na hora de arregaçar as mangas.