domingo, 2 de maio de 2010

milhares de bolhas

Hoje achei algo que escrevi faz já algum tempo.
Do dicionário:
tem.po1
sm (lat tempu) 1 Medida de duração dos seres sujeitos à mudança da sua substância ou a mudanças acidentais e sucessivas da sua natureza, apreciáveis pelos sentidos orgânicos
.

De fato eu mudei um bocadinho... Mas lendo, acho que talvez eu tenha mudado até que pouco, o que realmente se alterou foi a situação.
Ainda concordo com aquelas palavras e me identifico com elas. Ainda me vejo pronunciando tudo aquilo bem baixinho enquanto fico sentada numa praça, escondida no meio das árvores à noite. Naquele mesmo lugar, pensando nas mesmas coisas.
E ainda não entendendo nada.

Quando se encontra alguém com quem compartilhar seja lá o que for, o contato real nunca é possível. Invariavelmente o outro se fecha. Invariavelmente nós mesmos nos fechamos. E vamos ficando cada um em sua bolha. Mesmo que as bolhas se justaponham, não deixarão jamais de ser uma bolha. E quem fura o seu casulo e se mete pra fora só se desaponta, mas deveria ser fácil entender que num mundo cheio de bolhas, quem fica pra fora também está sozinho. Neste caso é pior, está vulnerável.
Vazio.
“Não é que o mundo que é uma bosta, é que fizeram a gente acreditar numa coisa que não existe”. Acho que foram estas as palavras. Longe de um consolo, uma verdade. Existe essa tal de verdade? Tanto faz.
A minha verdade é que procuro sempre um contato. Uma coisa que não existe.
Tristeza
Mas o que importa é que acabou minha hora, pago e vou embora. Tenho que correr, para variar estou atrasada e devo fazer alguma coisa, que já nem sei se é por qualquer pessoa, ou se é apenas pela formalidade.


Um recorte daquilo que escrevi.
E que ainda está aqui. Lateja e corta essa massa que mais parece uma noz na minha cabeça. A visão se turva e o mundo fica todo estranho, sem formas e sem cores. De repente nada mais fez sentido. Era eu e você em mim. Mas eu, prostituta que sou, tentei deixar de lado qualquer coisa que fosse meu e me vendi mais uma vez, procurando satisfazer no outro algo que sequer me incluía, mas que ele, sem ter a quem recorrer, me pagou pra fazer.

Eu só esqueci que me basta fechar os olhos pra ver a praça de novo.
E que quando está escuro ainda é com você que eu converso.

2 comentários:

  1. E a vida segue em sua eterna quadrilha drummoniana...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E anos depois... a vida continua a seguir sua quadrilha drummoniana.. Mas hoje, temos a inversão, e quem gosta de você sou eu. E você de outras mil.. e de mim ninguém, como era de se esperar.

      Excluir