quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

título

Um envólucro, é tudo que tenho.
Uma embalagem vazia.

Cadê o comprimido?
Será que é o remédio?

De que vale ter uma coisa, se não sei o que fazer com ela?

O produto está me consumindo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Me engano-te

Uso de toda a incerteza
Dando voltas sem fim
Num ritual de pura beleza
Que sei só ser bom pra mim

Escondo minha ansiedade
E falo muito sem dizer nada
Com muita propriedade
Do concreto faço almofada

Só para dar na sua cara
E depois te acarinhar de novo
Numa demonstração bem clara
De tudo que quebro e absorvo

Finjo não haver mágoa
Uso de todos os meus artifícios
Dou nó em pingo d’água
Me engano em meu benefício

Às vezes até imagino
Como pode soar risível
Aos ouvidos de um menino
Que é assim tão sensível

Mas saiba que se engano
Não é por outro motivo
Que não o medo mais humano
E talvez o mais nocivo

Não quero seu mal
Nem mesmo seu dó
Mas se torna fatal
Não querer ficar só

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

De volta

De volta à casa, de volta à vista da mesma janela, de volta à minha língua. Por dias me perdendo e tentando jeitos de me virar, dias imensos na língua enrolada e suada dos outros, noites adentro trocando de língua a cada oportunidade. Hallo! Wie geht's? Tenés cambio? Troco, você tem? Change, porra, do you have any?

Sambando na terra dos outros pra conseguir fazer um pouco de muito. E dando um jeito para o dinheiro render. Difícil, mas deu.

Viagenzinha pequena essa, mas muito importante. Acho que é esse sentimento, tão diferente, de andar com as próprias pernas. Sair do colo e se jogar no mundo. aiai.. tá virando auto ajuda. uaahuhauhua

Bem, o importante é que, humana que sou, mal aprendi a engatinhar e já estou fazendo planos pra voar. Se pudesse saltava hoje mesmo.
Mentira, saltava amanhã. Hoje quero ficar só olhando a vista da janela mais alta do prédio mais alto e ver o mundo um pouco menor correndo lá fora.