segunda-feira, 31 de maio de 2010

La Noyée



Tu t´en vas à la dérive
Sur la rivière du souvenir
Et moi, courant sur la rive,
Je te crie de revenir
Mais, lentement, tu t´éloignes
Et dans ta course éperdue,
Peu à peu, je te regagne
Un peu de terrain perdu.

De temps en temps, tu t´enfonces
Dans le liquide mouvant
Ou bien, frôlant quelques ronces,
Tu hésites et tu m´attends
En te cachant la figure
Dans ta robe retroussée,
De peur que ne te défigurent
Et la honte et les regrets.

Tu n´es plus qu´une pauvre épave,
Chienne crevée au fil de l´eau
Mais je reste ton esclave
Et plonge dans le ruisseau
Quand le souvenir s´arrête
Et l´océan de l´oubli,
Brisant nos coeurs et nos têtes,
A jamais, nous réunit.

domingo, 30 de maio de 2010

Coxinhas

O menino jogava futebol com os amigos. Mas não gostava de jogar futebol. Estudava, mas não queria estudar. fazia de tudo, mas não queria nada daquilo. Ele queria na verdade vender coxinha. Ele adorava o cheiro da coxinha, adorava o barulho do óleo fritando a massa gorda recheada de frango, de camarão, de queijo. Ele não se importava do que fosse, gostava daquele ambiente e, é claro, de receber o dinheiro por aquilo.

Mas ele não podia ficar lá. Como iria explicar para os pais que queria virar vendedor de coxinha? Ficariam arrasados. E mais: com certeza o deteriam. Como explicar pros amigos que não queria estar lá onde eles estavam. Ririam dele.
Como fritar sozinho uma coxinha? Iria se queimar, com certeza
Resolveu então se virar com o que já estava em sua vida e deixar esse plano pra depois.
O menino acabou aprendendo a tocar violão. Depois veio a guitarra. De repente veio um violino e logo um cello.
Vieram também os shows. E o menino gostava daquilo.
Vieram as multidões, os fãs, as drogas baratas... sempre mudando de um instrumento pro outro, sempre buscando um que seja melhor. Sempre se dando muito bem. Sempre som grana alta e sempre por cima.
Era um sucesso, afinal.
Nunca foi deixado pra trás, nunca lhe escapou uma só coisa que quisesse, nunca foi obrigado a nada. O que mais ele podia querer?

Bem, disso ninguém sabe, mas até hoje quando o menino pára em um bar ou em uma lanchonete, sempre pede sua querida coxinha. Para ele a de frango, tradicional. E de repente ele se pega pensando... o que diabos esta fazendo deste lado do balcão.
E se lembra, com um grande pesar, que tudo foi apenas uma grande desculpa. Ele sabe que não tentou unica e somente por medo. Um medo horripilante de ser quem era.

Quem sabe um dia o menino, pensa ele mesmo, tome coragem, largue a vida que não é sua e vá finalmente se deliciar com o estalar do óleo fervente.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Com uma única palavra...

... até a noite insone fica alegre.
Imagine com várias de uma só vez!

Compartilhar esses momentinhos só já é tão enorme, que quase apaga os novos latejos na fronte. Pelo menos os deixa meio foscos, meio sem importância.
O espelho está de bem comigo hoje. E a pessoa lá de dentro tá dizendo que tudo vai bem.

Porra!
De repente um estalo me fez lembrar da puta sorte que eu tenho.

Maldito otimismo... o copo tá sempre meio cheio.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

dia ruim

Com as entranhas em fogo e a cabeça rodando em latejante desvario o dia vai.
Mas o pior de sucumbir é de repente perceber que o mundo andou e você tem que ir correndo atrás dele.

Merda.

domingo, 9 de maio de 2010

não se sabe o que

Uma menina boba, sem perspectivas.. sem muita vontade de nada.
Menina mimada, a chatinha da família. Com seu dinheiro no bolso e seus caracóis de sol esqueceu que o mundo vai além, e muito além.
Amou, sofreu, esteve entregue... e dessa entrega algo mais germinou. Mais que a velha vontade de fugir e a velha certeza de que não é.

A menina teve que crescer... mãe, tenho medo... pai, vergonha.
Vida, luta. Choro, desespero... pensamentos turvos. Sinestesia.

Valores invertidos são difíceis pra qualquer um. Dor, sangue, mais dor. Choro.
Dessa vez era alegria. Era medo. Era destino. Era sina.
Veio o branco. As flores e mais tantos choros.

Veio o vazio. Depois de tanta força e de todo o século, a menina sucumbe. Reergue-se algumas vezes, mas olha ainda praquele ponto esquecido em alguma parte do passado.. antes de toda a dúvida e todo o caos.
Mas tudo mudou tanto... será que algo existia antes disso? será que era só uma idéia? será que havia alguém? Ou era só efeito efêmero de algum entorpecente dos jardins?

E hoje? As dúvidas são tantas, a menina pensa. E pensa tanto que esquece de viver. De agir. Por vezes nem come.
Fica parada olhando pro nada. Olhando pra alguma coisa que nem sabe o que.

E essa menina sou eu. Essa menina é você. Essa menina pode ser qualquer um. Bastam as condições que se deram. Basta um gênio um pouco assim como o nosso. Basta observar.
Mas a menina agradece. Outra menina sempre foi sua força. Seu dia-a-dia. Seu grande amor. Aprendeu a esquecer, mas sabe que está lá.
E chora de novo, enquanto sorri.

sábado, 8 de maio de 2010

Yann Tiersen...

... esse cara é foda.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

agora

As pessoas tem me dado tanta preguiça nos últimos tempos.
Agumas ainda mais que as outras.
Sou mesmo filha de minha época. De saco cheio de tudo e sem perspectiva de nada, vou me enganando com umas coisas pequenas.

Merda.

domingo, 2 de maio de 2010

milhares de bolhas

Hoje achei algo que escrevi faz já algum tempo.
Do dicionário:
tem.po1
sm (lat tempu) 1 Medida de duração dos seres sujeitos à mudança da sua substância ou a mudanças acidentais e sucessivas da sua natureza, apreciáveis pelos sentidos orgânicos
.

De fato eu mudei um bocadinho... Mas lendo, acho que talvez eu tenha mudado até que pouco, o que realmente se alterou foi a situação.
Ainda concordo com aquelas palavras e me identifico com elas. Ainda me vejo pronunciando tudo aquilo bem baixinho enquanto fico sentada numa praça, escondida no meio das árvores à noite. Naquele mesmo lugar, pensando nas mesmas coisas.
E ainda não entendendo nada.

Quando se encontra alguém com quem compartilhar seja lá o que for, o contato real nunca é possível. Invariavelmente o outro se fecha. Invariavelmente nós mesmos nos fechamos. E vamos ficando cada um em sua bolha. Mesmo que as bolhas se justaponham, não deixarão jamais de ser uma bolha. E quem fura o seu casulo e se mete pra fora só se desaponta, mas deveria ser fácil entender que num mundo cheio de bolhas, quem fica pra fora também está sozinho. Neste caso é pior, está vulnerável.
Vazio.
“Não é que o mundo que é uma bosta, é que fizeram a gente acreditar numa coisa que não existe”. Acho que foram estas as palavras. Longe de um consolo, uma verdade. Existe essa tal de verdade? Tanto faz.
A minha verdade é que procuro sempre um contato. Uma coisa que não existe.
Tristeza
Mas o que importa é que acabou minha hora, pago e vou embora. Tenho que correr, para variar estou atrasada e devo fazer alguma coisa, que já nem sei se é por qualquer pessoa, ou se é apenas pela formalidade.


Um recorte daquilo que escrevi.
E que ainda está aqui. Lateja e corta essa massa que mais parece uma noz na minha cabeça. A visão se turva e o mundo fica todo estranho, sem formas e sem cores. De repente nada mais fez sentido. Era eu e você em mim. Mas eu, prostituta que sou, tentei deixar de lado qualquer coisa que fosse meu e me vendi mais uma vez, procurando satisfazer no outro algo que sequer me incluía, mas que ele, sem ter a quem recorrer, me pagou pra fazer.

Eu só esqueci que me basta fechar os olhos pra ver a praça de novo.
E que quando está escuro ainda é com você que eu converso.