terça-feira, 26 de abril de 2011

difusão

se anotar as palavras todas que saltam na minha mente, teria o seguinte:

é impressionante, de repente, a poesia da vida. ficar contemplando a mudança do ser, do estar. de onde veio esse ser? fiz a coisa certa anos atrás, e novamente menos anos atrás. instinto falho.
o vazio que se apodera de você também é meu.
foi meu e aperta.
filosofia ou contemplatividade?
não existe essa palavra.... contempla-atividade.. a atividade é a falta de atividade. posso contemplar a atividade, mas isso não soa bem.

papai noel, minha irmãs, todas as minhas irmãs.

quem são vocês?

Mas como não sou besta, guardo as palavras pra mim, porque só eu sei o que cada uma delas significa. O desacordo é meu e ficar tentando explicar enche o saco: sou uma péssima escritora.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Clichê 2.0

Tem gente que muda a gente.
Vem assim, como se não quisesse nada, mas lá dentro você sabe que essa gente já tem tudo planejado.
E cada olhar desavisado tem mil palavras incrustadas.

Tem gente que arrebata a gente.
Fala, corre, grita, te pisa e te desdenha.
E quando você vê já era, está lá no meio daquele turbilhão.

Tem gente que acalma a gente.
Pode ser porque desliga, ou só porque te olha.
Mas de repente um suspiro vira o abraço de uma alma.

Só sei que cansei, tem gente de mais nesse mundo.
E já nem sei se essa gente me faz bem.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

transparência

Sendo muito mais transparente que queria ser, de repente preciso confessar que a embalagem não está mais vazia. Mas de repente também aquilo continua perdido.
Não sei se é remédio, nem sei se precisa remédio. E lembro que tudo pode ser veneno.

Essa lama me intoxica com seu cheiro. Ainda tão longe, posso ver bem de perto. Os circuitos vão se fechando e parece que aquele buraco no meu estômago foi tampado. Acontece que engoli um bloco de cimento e meu problema é que ainda não sei se vou digerir ou regurgitar.

De tudo no mundo, nada dói mais que a dúvida. "será?"
"mas e se...?"
"como é que...?"

E a resposta vem furiosa: EU NÃO SEI!

E descubro, então, que sou de vidro. Uma pequena lasca no meio de uma poça imunda. Aconteça o que acontecer, ainda sou fina, frágil e transparente.

Queria ser um plástico preto às vezes.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

título

Um envólucro, é tudo que tenho.
Uma embalagem vazia.

Cadê o comprimido?
Será que é o remédio?

De que vale ter uma coisa, se não sei o que fazer com ela?

O produto está me consumindo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Me engano-te

Uso de toda a incerteza
Dando voltas sem fim
Num ritual de pura beleza
Que sei só ser bom pra mim

Escondo minha ansiedade
E falo muito sem dizer nada
Com muita propriedade
Do concreto faço almofada

Só para dar na sua cara
E depois te acarinhar de novo
Numa demonstração bem clara
De tudo que quebro e absorvo

Finjo não haver mágoa
Uso de todos os meus artifícios
Dou nó em pingo d’água
Me engano em meu benefício

Às vezes até imagino
Como pode soar risível
Aos ouvidos de um menino
Que é assim tão sensível

Mas saiba que se engano
Não é por outro motivo
Que não o medo mais humano
E talvez o mais nocivo

Não quero seu mal
Nem mesmo seu dó
Mas se torna fatal
Não querer ficar só

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

De volta

De volta à casa, de volta à vista da mesma janela, de volta à minha língua. Por dias me perdendo e tentando jeitos de me virar, dias imensos na língua enrolada e suada dos outros, noites adentro trocando de língua a cada oportunidade. Hallo! Wie geht's? Tenés cambio? Troco, você tem? Change, porra, do you have any?

Sambando na terra dos outros pra conseguir fazer um pouco de muito. E dando um jeito para o dinheiro render. Difícil, mas deu.

Viagenzinha pequena essa, mas muito importante. Acho que é esse sentimento, tão diferente, de andar com as próprias pernas. Sair do colo e se jogar no mundo. aiai.. tá virando auto ajuda. uaahuhauhua

Bem, o importante é que, humana que sou, mal aprendi a engatinhar e já estou fazendo planos pra voar. Se pudesse saltava hoje mesmo.
Mentira, saltava amanhã. Hoje quero ficar só olhando a vista da janela mais alta do prédio mais alto e ver o mundo um pouco menor correndo lá fora.